ELEIÇÕES 2020
Última vez que nenhuma das cinco cidades da RPT elegeu um tucano foi em 1988, ano de fundação do PSDB
Por André Rossi
18 nov 2020 às 08:41 • Última atualização 18 nov 2020 às 08:51
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/regiao/regiao-nao-tem-prefeitos-tucanos-pela-1a-vez-em-28-anos-1365440/
Pela primeira vez em 28 anos, nenhuma das cinco cidades da RPT (Região do Polo Têxtil) elegeu um prefeito do PSDB. A última vez que isso aconteceu foi no pleito de 1988, ano de fundação do partido.
A participação tucana também foi reduzida nas câmaras municipais em relação à última eleição. Em 2016, dez vereadores do PSDB foram eleitos nas cinco cidades. Já na eleição do último domingo (15), apenas oito, com o “agravante” de Santa Bárbara d’Oeste, que ficou sem nenhum.
Nas eleições deste ano, os tucanos disputavam as prefeituras de três da cinco cidades da RPT: Americana, Hortolândia e Nova Odessa. Em Santa Bárbara d’Oeste o partido era aliado do PV, enquanto em Sumaré a coligação era com o Cidadania.
O principal candidato do PSDB na região era Rafael Macris, de Americana. Sua campanha teve aporte de R$ 691 mil da direção nacional do partido e R$ 127 mil da estadual, a maior entre os tucanos da região.
Filho do deputado federal Vanderlei Macris (PSDB) e irmão do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), o deputado Cauê Macris, Rafael ficou em terceiro lugar, com 19.573 votos. Isso representa 17,70% dos votos válidos.
Das 455 urnas da cidades, Rafael foi o candidato mais votado em apenas três: duas na 158ª Zona Eleitoral e uma na 384ª Zona Eleitoral. Porém, nessa última, ele recebeu 71 votos, menos do que o total de abstenções: 102. O levantamento foi feito pelo LIBERAL nesta terça-feira.
Presidente do PSDB em Americana, Roger Willians pondera que foi apenas a segunda eleição de Rafael – a primeira em 2016, quando se elegeu vereador – e que a campanha foi “limpa e de propostas”.
“Ele, nosso grupo, nossos colaboradores, estão de parabéns. Foram guerreiros! Temos que respeitar a vontade das urnas”, afirmou Roger.
Na câmara, o PSDB conseguiu manter o número de três vereadores em Americana. Na visão de Roger, a questão multipartidária e o fim das coligação proporcional para o Legislativo também impactaram. A expectativa inicial do partido era eleger quatro vereadores.
“Temos mais representantes de partidos diferentes nas casas legislativas. Em números de votos, o partido não foi mal. Vitórias e derrotas são naturais em eleições”, analisou.
Ano | Prefeitos eleitos |
1988 | Nenhum eleito |
1992 | José Maria de Araújo Júnior, em Santa Bárbara |
1996 | Jair Padovani, em Hortolândia |
2000 | Jair Padovani, em Hortolândia |
2004 | José Maria de Araújo Júnior, em Santa Bárbara |
2008 | Diego de Nadai, em Americana |
2012 | Diego de Nadai, em Americana Benjamin Bill Vieira de Souza, em Nova Odessa Cristina Carrara, em Sumaré |
2016 | Benjamin Bill Vieira de Souza, em Nova Odessa |
2020 | Nenhum eleito |
Para o coordenador do PSDB na região de Campinas e prefeito de Nova Odessa, Benjamim Bill Vieira de Souza, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e o desgaste do governador João Doria (PSDB) devido à restrições econômicas para conter o avanço da doença tiveram peso.
“Interferiu sim no resultado das eleições, e também a abstenção muito alta. Só em Nova Odessa foi 25%. Se você pegar as demais cidades, você vai quer é um grande número de pessoas que não foram votar”, disse Bill.
Apesar da derrota em Americana, o coordenador tucano valorizou a eleição dos três vereadores e que não é possível dizer que Rafael “foi mal”. “Poderia ter sido melhor? Sim. Vamos avaliar, recomeçar”, disse Bill.
Situações “fora das eleições”, como a saída do vereador José Antonio Ferreira, o Dr. José, do PSDB para o PSD durante a janela partidária, também foram mencionadas. O ex-tucano concorreu a prefeito e ficou em segundo lugar.
“Ele [Dr. José] saiu do PSDB levando todos aqueles que seriam candidatos a vereador pelo PSDB. Houve uma debandada, que foram embora junto com o Dr. José, que não esperávamos” contou Bill.
O prefeito defendeu que o partido faça uma avaliação interna e retome sua “origem de militância”. Assim como Roger, Ele acredita que a sigla virá forte já na eleição de 2022.
“O PSDB é uma sigla muito grande. Teve presidente da República, senador, deputado estadual, federal. É um partido completo, mas o desgaste dos últimos anos, muitas vezes reflete nas urnas”, comentou Bill.