Entre as décadas de 1980 e 1990, a indústria da moda do Ceará ocupou a segunda posição no ranking nacional em produção e comercialização. O segmento se notabilizou por ser uma área de criatividade na fabricação de produtos, como pelo bom desempenho na venda das mercadorias fabricadas aqui. Após essa fase exitosa, a moda cearense enfrenta, há pelo menos vinte anos, um período de dificuldades impostas pela instabilidade econômica do país, falta de profissionais capacitados e crescimento do consumo de artigos “piratas”.
Para recolocar a moda cearense novamente em evidência nacional, foi lançado oficialmente no final de junho o Projeto 100% Ceará, desenvolvido pelo Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas e Vestuário do Ceará (Sindroupas), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Câmara Setorial da Moda, Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e demais entidades parceiras.
O projeto está em articulação com municípios para fechamento das parcerias. A meta a curto e a longo prazo é reabrir 15 mil postos de trabalho. Além disso, R$ 3 milhões já estão acordados entre os parceiros. Para fomentar toda cadeia produtiva, o programa vai levar aos pólos fabricantes do interior cursos, workshops e encontros de capacitação para micro e pequenas empresas, oficinas de costura e confecções, estimulando a redução da informalidade do setor.
Outro destaque será a volta de tradicionais feiras, como o Dragão Fashion Brasil e Moda Íntima Ceará, previstas para acontecer em 2021.
Para se ter ideia da importância da área, o setor de confecções, por exemplo, gera 42.121 empregos formais no Estado, o que representa 13,7% do emprego industrial cearense. O Ceará ocupa a 5ª posição entre os que mais empregam no setor de vestuário.
É importante destacar que, apesar da grande representação, nos últimos cinco anos ocorreu uma queda de 22,2% na quantidade de empregados do setor. Por isso, essa conjuntura de ações vai ocorrer de modo permanente, para que possamos voltar a figurar entre os principais centros da moda do país.
Lélio Matias
Presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas e Vestuário do Ceará (Sindroupas)